Sabe-se que a psicologia teve início em meados
do século XIX com os estudos paradigmáticos de Freud, inúmeros outros autores
inspirados no pensamento freudiano deram segmento aos estudos psicanalíticos.
As escolas que foram se formando não foram necessariamente fieis aos escritos
desse autor renomado, mas torna-se impossível falar de psicologia sem fazer
referência direta a esse autor.
Embora essa disciplina seja relativamente
nova, em comparação a outras áreas do conhecimento seus pressupostos são
encontrados nos escritos mais remotos dos primeiros filósofos. A preocupação
filosófica baseava-se em conhecer o que é o ser humano, mesmos elementos que a
psicologia se preocupa. O que ocorre na contemporaneidade é uma emancipação
dessa disciplina de grandes áreas do conhecimento.
O fato dessa área ser nova e com inúmeras
possibilidades e caminhos não deram aos seus estudiosos a homogeneidade de
teorias e métodos. Isso fez com que surgisse ramificações da psicologia com
enfoques diversos.
Um exemplo do que estamos tratando aqui pode
ser encontrado nos estudos comportamentais. Cito aqui duas teorias que teve a
preocupação de explicar por meios científicos porque agimos como agimos e porque
não agimos de outro modo. A primeira é a Janela de Johari e a segunda é baseada
no Eneagrama dos quatro temperamentos. Embora as explicações para as atitudes
humanas sejam diferentes o pressuposto é o mesmo, a saber: entender o gênero
humano em sua complexidade.
A psicologia é uma disciplina que teve origens
teóricas, no entanto, há uma tendência em reduzi-la somente à técnicas, não
servindo a explicação de quem é o ser humano. Na interação entre o profissional
da psicologia e os leigos pode ocorrer uma ideia, própria do sistema econômico,
que reduz tudo e todos a uma relação profissional-cliente. E o psicólogo deixa
de ser um pensador para ser um prestador de serviços. Grosso modo, isso não é
ruim, pois faz com que o largo conhecimento produzido nos laboratórios e
bibliotecas voltem para a sociedade de maneira positiva. O problema é que os
custos de um bom profissional ainda são onerosos e nem todos que precisam tem
acessos a esses conhecimentos.
Uma crítica recebida por essa área do
conhecimento no Brasil é que ela deixou de ser reflexiva por fechar-se em si.
Sem considerar as questões históricas em detrimento do biológico ficando
totalmente passiva diante dos acontecimentos políticos. Pensadores que fazem
essas considerações geralmente são de tendências marxistas, e consideram a
atual psicologia como ferramenta de manipulação do capital, engrenagem do
sistema. Essa interpretação é no mínimo simplista quanto ao que de fato ocorre
nos estudos científicos no Brasil.
Um grande problema nos estudos acadêmicos é
que associa-se senso crítico com o pensamento de marxistas ortodoxos, que
tomaram a cadeira de críticos sociais e não aceitam pensamentos divergentes
também como bons.
É compreensivo o grande teor do pensamento
marxista em alguns desses textos, pois estes autores estão lutando contra o
conceito de que as ideias valem por si e os autores e teóricos da psicologia
que desconsideram os quadros sociais na interpretação da explicação da razão de
uma teoria.
A sistematização da psicologia enquanto área
de conhecimento científico ocorre de modo tardio, conforme apontamos no início
dessa redação, no entanto, não significa que deva haver uma minoração de sua
área de conhecimento perante aquelas que são mais antigas.
O que ocorria no século XIX que potencializou
o surgimento dessa área do conhecimento? Tenho a intuição de que a acentuação
nas individualidades, típicas da modernidade foi um dos motivos para a
preocupação dos estudos do psicológico, a segunda intuição é que antigas
respostas aos comportamentos que outrora tinham explicações mitológicas tais
como histeria, possessão dentre outros, necessitaram de novas respostas.
Interessante apontar que reações emocionais
não operam somente no cérebro, mas principalmente nas questões fisiológicas, as
reações que operam no nosso corpo fazem com que emoções ocorram, não são somente
coisas da alma ou do espírito. Essa foi uma das grandes contribuições da
psicologia para fugir das antigas explicações míticas.
Concluo, portanto que os desafios para os
profissionais dessa área ainda são muitos e que os mesmos não conseguiram a superação
desses problemas se privilegiarem apenas uma área do aspecto humano, um resgate
a interdisciplinaridade das ciências humanas pode ser positiva nas novas
contribuições da psicologia e seus novos questionamentos no presente século.
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